segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Itaú Cultural assume gestão do Auditório Ibirapuera

Desde sua inauguração, em 2005, o Auditório Ibirapuera era administrado por uma organização de interesse público e agora, após uma rescisão do antigo contrato, o Itaú Cultural será o responsável em gerir o espaço.

Em 21 de junho, a Secretaria de Cultura lançou um edital público para selecionar propostas de interessados em gerir o prédio do Parque Ibirapuera. Segundo o Estado apurou, o Itaú Cultural foi a única instituição inscrita a cumprir os requisitos exigidos: experiência na área, aplicação de pelo menos R$ 10 milhões anuais, a serem investidos na infraestrutura e nas atividades, além da continuidade da atual linha de programação. Outra exigência da administração municipal com a qual o Itaú Cultural se comprometeu é a manutenção do Centro de Formação Musical e da escola, que atualmente funciona no auditório e atende a cerca de 120 alunos.

Construído e doado pela TIM à cidade de São Paulo, o local era mantido até o ano passado com recursos da operadora. Em 2010, a empresa telefônica retirou o seu apoio. Após o corte da verba, a Oscip (Organização da Sociedade Civil com Interesse Público) que geria o prédio conseguiu sustentar-se graças a um acordo com o Minc, que garantiu o repasse de R$ 10 milhões. Em abril do ano passado, a decisão foi amplamente divulgada pelo próprio ministério. A mudança de gestão no governo federal, porém, teria alterado os planos da pasta, que suspendeu sua contribuição.

Mesmo com a entrada do Itaú Cultural em cena, não deve haver muitas mudanças na condução do Auditório Ibirapuera. A instituição designada para administrar o edifício público deve continuar a se submeter às mesmas regras que já eram aplicadas à gestão anterior. Em primeiro lugar, o nome do espaço não muda. Permanece apenas Auditório Ibirapuera, sem adendos ou menção a patrocinadores.

Além disso, assim como também acontecia anteriormente, todas as diretrizes serão definidas em conjunto com representantes das secretarias de Cultura e do Verde e Meio Ambiente. Para a programação, o foco continuará a recair sobre a música popular, erudita e jazz. “Pedimos para que o perfil fosse mantido, assim como os ingressos populares”, aponta Calil.

Outras áreas, contudo, podem começar a merecer mais relevo no equipamento do parque. O documento lançado pela Prefeitura sinalizava a ambição de ampliar o espaço da dança – que já merecia algum lugar na grade. Também revelava o desejo de abrigar exibições cinematográficas. A princípio, o plano apresentado pelo Itaú Cultural parece acolher as sugestões e vai além: abre as portas para as artes cênicas.

Outra meta do Itaú Cultural é a redução do valor dos ingressos. Os preços praticados pelo auditório sempre estiveram abaixo dos do mercado. A ideia agora é que o acesso se torne ainda mais barato. Como o grupo gestor não dependerá de recursos da bilheteria para financiar o equipamento, também existe a promessa de que se amplie a oferta de eventos gratuitos.

Em seu edital, a Secretaria solicitava a garantia de que ao menos R$ 10 milhões fossem investidos anualmente na entidade. E abria-se a possibilidade de que os recursos fossem ou não provenientes de patrocínio.

A oferta de fundos não-incentivados, porém, foi bem recebida pela administração pública. “É muito positivo que sejam recursos provenientes de investimento direto. Finalmente, existe dinheiro privado sendo investido na cultura. Um grande conglomerado assumindo seus compromissos sociais, culturais. É algo inédito e esperamos que inspire outras experiências”, comenta Calil.

O secretário é sabidamente um crítico das leis de incentivo. Em diversas ocasiões, já se manifestou contra o legado deixado pela Lei Rouanet. Alega que a adoção indiscriminada de mecanismos de incentivo fiscal teria levado a uma atrofia dos investimentos públicos e perpetuado a prática de privatizar o uso de recursos estatais.

Planejado em 1950, o Auditório Ibirapuera só foi concluído em outubro de 2005. Financiada pela empresa de telefonia TIM, a construção custou cerca de R$ 29 milhões.

*Com informações do Estadão.com

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